A fase das Mordidas

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Ninguém quer que seu filho seja mordido ou que morda algum amiguinho. Mesmo não sendo fruto de maldade, a mordida é uma forma de expressão, produz dor e pode machucar. Entretanto, é preciso entender que essa situação, sempre desagradável, faz parte do desenvolvimento infantil, ocorrendo principalmente com crianças menores de 3 anos, que usam a mordida como uma maneira de se comunicar.

Na primeira infância, os pequenos descobrem o mundo através da via oral e acabam apelando para as mordidas ao lidar com conflitos, em momentos de raiva, para chamar a atenção ou, até mesmo, como demonstração de carinho.

Segundo especialistas, as mordidas são muito comuns entre crianças de 1 a 3 anos e acabam no momento em que a linguagem começa a ficar mais elaborada. Porém, quando o problema persiste até os 4 ou 5 anos de idade e ocorre com violência e muita frequência, o ideal é que a criança seja avaliada por um especialista, pois isso pode indicar um comportamento agressivo ou sugerir que a criança não está sabendo lidar com alguma situação de mudança ou conflito interno.

Depois que você ler esse artigo, temos um vídeo em nosso Canal do You Tube explicando também sobre esse importante tema Mordidas.

DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO

Os pequenos usam a mordida como uma maneira de expressar suas emoções, principalmente a impaciência, a insatisfação e a raiva. Isso ocorre porque a linguagem das crianças pequenas ainda está em desenvolvimento. Nessa fase, eles são muito impulsivos e ainda não têm uma capacidade de comunicação oral bem desenvolvida, quando acabam recorrendo às mordidas.

Crianças pequenas não identificam com clareza seus sentimentos e nem conseguem expressar bem suas emoções por meio das palavras. Essa habilidade de expressão verbal é algo que vai sendo desenvolvido conforme os pequenos crescem e amadurecem. Diante disso, é importante que os adultos auxiliem a criança a entender que a mordida não é uma coisa aceitável e que essa agressão pode machucar alguém. Sempre que a criança morder, os pais e professores devem conversar com ela, estimulando que ela expresse suas emoções por meio de palavras, assim, o diálogo vai, aos poucos, tomando o lugar das mordidas.

MORDIDAS POR AFETO

Pode parecer estranho, mas é muito comum que as mordidas estejam também ligadas à expressão de afeto das crianças. Algumas amam demais, sentem muito carinho e não sabem como demonstrar toda essa afeição e acabam mordendo por isso.
Esse comportamento, muitas vezes, acaba sendo estimulado pelos próprios pais, que em brincadeiras dizem que vão morder a criança: “ah, vou morder sua barriga!”, por exemplo. Isso faz a criança relacionar a mordida a uma forma de carinho.

Na verdade, o papel dos pais é orientar seus filhos para expressar todo amor e carinho por alguém de forma saudável. A criança deve entender que as mordidas machucam e que existem outras formas de demonstrar o carinho: um abraço suave, um cafuné, um afago em quem ela gosta.

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O PAPEL DA ESCOLA

Na escolinha, sempre que acontecer algum episódio de mordida entre os alunos pequenos, os professores devem estar atentos para intervir, explicando para a turma que não se pode ter esse tipo de comportamento.

Geralmente, o aluno que foi mordido não vai entender por qual razão foi agredido e o que mordeu pode não perceber que seu gesto foi uma agressão, quando não teve a intenção de machucar a outra criança. Assim, o professor deve conversar com esses alunos, acalmar e confortar a criança agredida e mostrar para o que mordeu a consequência da ação que provocou choro e dor em seu colega. Dessa maneira, a turma passa a entender que morder não é uma maneira correta de se expressar.

Quando uma criança costuma morder seus colegas, o professor deve evitar coloca-la de castigo, evitando que a criança seja rotulada, o que pode interferir negativamente em seu desenvolvimento. Entretanto, cabe ao professor estar sempre atento e ficar próximo ao aluno para evitar que machuque outras crianças.

Sempre que uma situação dessas acontecer, a escola deve conversar com as famílias, tanto do aluno que mordeu, quanto a do que foi mordido, esclarecendo que a mordida não é uma violência intencional, nem fruto do descuido das professoras, sendo, na verdade, um comportamento comum nessa fase do desenvolvimento infantil. Porém, deve ficar claro aos pais quais foram as atitudes que a equipe da escola tomou na situação e quais são as intervenções feitas de evitar esse comportamento. Além disso, os professores devem orientar os pais do aluno que mordeu sobre como ajudá-lo a superar essa fase.

O QUE FAZER QUANDO SEU FILHO MORDE

• Investir no diálogo: É preciso reforçar sempre que não se deve morder, pois aquilo machuca, provoca dor e deixa as pessoas tristes. Os pais necessitam estimular o diálogo e a comunicação da família. A criança deve compreender que é por meio da conversa que ela vai resolver seus conflitos.

• Reprovar esse comportamento: Sempre que a criança morder alguém, os pais devem afastá-la da situação e demonstrar claramente que esse tipo de postura não é correta. Não se deve jamais rir ou achar graça da mordida. A criança precisa sentir que seu comportamento não agradou ninguém para que isso não se torne um hábito.

• Aplicar a consequência: Quando a criança morde a outra, os pais e professores devem fazer com que aquela que agrediu ajude a cuidar da que foi agredida: O ideal é somente aplicar gelo e mostrando que as mordidas doem e podem machucar. A criança precisa perceber que aquela atitude deixou o colega triste.

• Dar atenção aos pais da criança agredida: Quando seu filho morde algum colega, o ideal é mostrar ao pai e a mãe dessa criança que, apesar de ser uma situação comum entre as crianças pequenas, você não aprovou esse comportamento e já está tomando todas as medidas para que isso não volte a acontecer.

O QUE FAZER QUANDO SEU FILHO É MORDIDO

• Manter a calma: Os pais têm que entender que infelizmente essa situação é bastante comum e faz parte do desenvolvimento das crianças. Por mais que as professoras estejam atentas, isso sempre poderá acontecer já que as crianças pequenas são bastante imprevisíveis. Os pais precisam refletir que hoje foi seu filho quem foi mordido, mas talvez amanhã possa ser ele venha a morder algum amiguinho.

• Não estimular a agressão: Os pais jamais devem orientar seus filhos a reagir dando o troco com mordidas ou pancadas. A violência não é uma maneira saudável de defesa e pode provocar consequências negativas no comportamento da criança. Se a criança for mordida, ela deve ser orientada a se impor, se afastar do agressor e procurar ajuda da professora.

• Conversar com a criança: se a criança está sempre levando mordidas ou sendo agredida na escola, os pais devem conversar com a criança para saber o que está acontecendo e como ela está lidando com essa situação. Ela deve ser orientada em como se defender e a sempre buscar ajuda de um adulto responsável. Nesses casos, é fundamental comunicar a escola sobre essa situação para que os professores possam intervir e evitar essas agressões.